No pico das enchentes, em maio, indústria registrou queda de 87% nas vendas

No pico das enchentes, em maio, indústria registrou queda de 87% nas vendas

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A queda mais expressiva do volume financeiro de vendas durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul foi registrada no setor industrial. A Secretaria da Fazenda (Sefaz), por meio da Receita Estadual, divulgou na última semana os indicadores de desempenho econômico da indústria, varejo e atacado do Estado durante o mês de maio. Com base nas informações das notas fiscais eletrônicas e nas guias de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), os dados revelam a magnitude do revés econômico causado pelo evento meteorológico, refletido na queda de arrecadação do Estado. 

+ Entre no canal do Diário no WhatsApp e confira as principais notícias do dia

De acordo com o levantamento, o declínio das transações comerciais atingiu o pico de 87% entre os dias 10 e 17 de maio, na comparação com a mesma semana do mês anterior. Em relação a maio de 2023, o acumulado do mês registrou um recuo de 27% nas comercializações – índice que frustrou o setor que vinha demonstrando tendência de recuperação em abril, após uma série de quedas no fluxo comercial. Na visão trimestral, comparando o desempenho de março, abril e maio com os meses imediatamente anteriores, a queda foi de 11,3%.

No recorte por área, as maiores quedas foram registradas nos segmentos coureiro-calçadista e metalomecânico, com recuos de 42,5% e 39,6% nas vendas em maio, respectivamente. A forte retração se deve, entre outros fatores, aos danos causados ao patrimônio das empresas, à redução da demanda e a questões logísticas, como o fechamento do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.    

De acordo com o estudo da Receita Estadual, das 47,5 mil empresas do segmento industrial gaúcho, 93% estão localizadas em municípios atingidos pelas fortes chuvas.  Desse total, 16% possuem planta em área alagadas – indústrias que, somadas, respondem por 35% da arrecadação de ICMS do setor.

Atacado sofre com perda de estoque

Depois da indústria, o setor atacadista apresentou a maior queda no volume de vendas em maio. Segundo o boletim, o recuo das transações foi de 23% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No auge da crise, a queda nas vendas alcançou 79% em relação a abril. Além dos impactos logísticos, com a interrupção do fluxo em diversas rodovias do Estado, o atacado sofreu com um volume expressivo de perda de produtos estocados.

O segmento atacadista mais impactado, de acordo com o levantamento, foi o de pneumáticos e borrachas e o de resíduos e sucatas – ambos registraram um declínio de 50% nas comercializações. Na sequência, aparece a área metalomecânica, com queda de 39%. A análise dos dados inclui as empresas do chamado atacarejo, que atuam na atividade de venda no atacado (formado, na maioria, por distribuidoras de produtos) e no varejo.

Baque no varejo

Embora não tenha escapado dos efeitos da tragédia climática, o setor varejista teve um recuo menor em relação à indústria e ao atacado, com uma diminuição de 16% nas vendas em maio em comparação ao ano anterior. O pico do declínio ocorreu entre 10 e 17 de maio, com uma queda de 85% em relação à mesma semana de abril. A retração menos intensa no consolidado do mês, conforme análise da Receita Estadual, pode ser atribuída à intensa procura por itens de alimentação e limpeza nas redes varejistas para o consumo próprio das famílias e doações destinadas ao abastecimento dos desabrigados.

Impulso para a retomada

Entre as ações adotadas pelo governo do Estado para diminuir os danos e impulsionar a recuperação econômica está a ampliação do prazo para recolhimento do ICMS e da postergação do pagamento para empresas do Simples Nacional. Além disso, a Receita Estadual anunciou a opção de refinanciamento de débitos do ICMS em 60 vezes e uma redução no custo tributário para empresas no Fundo Operação Empresa (Fundopem). A Sefaz, segundo o subsecretário da Receita, Ricardo Neves Pereira, também estuda como auxiliar setores específicos, a exemplo do de transporte rodoviário de cargas.

— Muitas empresas de transporte de cargas perderam veículos e caminhões, e estamos tentando criar planos e programas específicos para esse setor, para que varejo, atacado e indústrias possam ter um benefício que viabilize a aquisição de novos bens —, explica Neves. Segundo ele, é papel do Estado e da União buscar soluções para que as empresas não percam capacidade de produção, de comercialização e de distribuição, além de garantir a manutenção dos empregos. 

*Com informações da Secom RS



Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Mais de 22 mil microempreendedores começam a receber benefício de R$ 1,5 mil do MEI RS Calamidades Anterior

Mais de 22 mil microempreendedores começam a receber benefício de R$ 1,5 mil do MEI RS Calamidades

Mega-sena acumula novamente e prêmio vai a R$ 61 milhões Próximo

Mega-sena acumula novamente e prêmio vai a R$ 61 milhões

Economia